sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Sagazes cicatrizes


No reboco -
ostensivo!
o teu retrato:
tuas mãos
enormes
frias
teu brilho
tua luz
tua maciez

- ai!

Arrancar-te,
derrubar-te
os alicerces
(asas)
que fincaram
raízes nesta casa,
surrupiar teus versos
escritos na geladeira
apagar estrelas
que brilharam
sob o mesmo teto
onde estou suspensa
de castigo e raiva.


(alcatrazes
prendem o amo
ao seu escravo)

Falos
Magias
Tudo
que te lembra
que te vem
e que te vai...
esse destempero
a desesperança,
danem-se!

Sirvam-se
os destroços
destes teus
farrapos,
do teu corpo
em brasas
apagadas.

Danem-se
os bardos
que atiram
a força dos seus
dardos-
seus dedões
enormes
danem-se!

Enquanto
apago
cicatrizes
no reboco
do passado,
quero
apenas
o desasossego
dos calos
nos sapatos
ardentes
nas calçadas.

OlgaMota

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