quinta-feira, 26 de maio de 2011

juntando folhas erpasas

O meu corpo e o teu , somente sobrevivos, euquanto as velas se apagam…todo o ardor se esfuma em branca nunvem de fumaça, em espuma desvanece.
Como pêndulos, lado a lado, somente eu sobrevivo, no entanto. No ventre inchado, outras duvidas, permanecem as feridas.
Os olhos cansados refazem um holocausto - teus olhos verdes cruzando os meus morenos.
Sobrevive o corpo, até quando, te pergunto. Não respondes. Estamos mortos, pendendo lado a lado na válvula de escape, enquanto resta vida.
Os ruídos que vem de fora legitimam a clausura.
Na jaula, passo a passo, nao me reconheço. Vozes altas conversam entre si, alheiam-me ao silêncio.
Muda, estarei enlouquecendo? Não, só um surto, desses que dão e passam. A penumbra, o quarto vazio, o vento frio da primavera.
O dia carrega com o vento o que as folhas varrem. A rua de asfalto careado parece ..

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Pendentes

o meu corpo e o teu
somente sobrevivos
velas se apagam
todo o ardor se esfuma
em branca nuvem de fumaça
em espuma desvanece
pêndulos
lado a lado
somente eu sobrevivo
no ventre inchado
outras culpas ...
permanecem as marcas
da ferida

os olhos cansados
refazem um holocausto
dos teus olhos verdes
cruzando os meus morenos

sobrevive o corpo
ate quando, te pergunto
nao respondes
nao respondo
estamos mortos
corpo a corpo
pendentes
na válvula de escape
enquanto resta vida

OM

segunda-feira, 16 de maio de 2011

A poesia pulsa (sem acento)

Bem no meio de mim
Entre o figado e coracao
Entre a carcaca e a vida
Pulsa em ritmo frenetico
Tropega fria indomavel

Vestida de perfida inocencia
Atravessa a friagem mar opaco
Entre o figado e o coracao
Onde ocorre a liturgia

Levitando em manto opaco
Palavras vestidas de preguica
Rocam as aguas com a lingua
Lambendo docemente as feridas

No quarto que me acolhe todo o dia
Esgueirada gata mansa
Roi as unhas suicida

O sangue pulsa sinapse invertida
Na garganta a lingua morta
Falica profunda meiga escandalosa
Aborda presuncosa a poesia

OM

(a Indignada teimosa)

terça-feira, 10 de maio de 2011

El Quién (gráfico) - traducao de Rene Maldonado

Las orejas pegadas a la tierra húmeda,
llena de hojas de otoño caidas caliente,
escuchando el sonido del agua que fluye a través de los canales de la naturaleza,
me enseñó a amar el pájaro que yo pensaba que era una aburrida
(me desperté a las seis, con su sinfonía!).

A entender el tacto que sedujo mi cuerpo suave.

¿Quién debe la gracia de sonrisa amplia, abierta y fácil. El arte de beber en público. El arte de dejar que yo?

Él me dijo sobre esto, eso y la otra, todos los secretos que conocen el miedo
y aún oigo el sonido de su voz susurrando cosas
al mismo tiempo descaradamente
a cabo con los dedos ágiles vergüenzaba los rincones de mi cuerpo frío, triste.

- Y me ha dicho "eres bella, bella Eres, Eres Perfecta! "–

Y yo, flotando en el espacio vacío de la inquietud - nubes que se denomina deseo - que creía!
.
Que dormía con el teléfono pegado a la cama "por si acaso”
necesito ayuda en las noches de insomnio, me atormentaba maldita ...

y se llevaron todas las pesadillas, la noche aterradora, cuando el viejo colchón se daba vueltas en la orilla.

( Una vez cortado el dedo con un cuchillo oxidado con el que he preparado una comida asquerosa…

- "Te la Hice yo!" – cómela¡

Luego golpeó mi rutina con otro cuchillo y me robó el arte.

Cerca de la posesión, era el peligro.

Corrí ligeramente...

Y el resto de mí se puede realizar en tal urnas redondeadas y se extendier en el suelo,
que aunque pasó la lengua, donde yo, yo caminaba.


OM

domingo, 8 de maio de 2011

Almoco de domingo sem cedilha (FICCAO)

Era um almoco normal de domingo, como de costume em nossa casa. Toda a familia reunida, tudo transcorria alegremente .As convesas giravam de Dilma a Bin Laden, as ultimas gracinhas dos netinhos, as ultimas noticias do front aonde eu me encontro exilada.

De repente, Ana Carolina, a irma mais nova, levantou-se, colocou as duas maos sobre a mesa e disse, numa voz calma e quase inaudivel:

- Vou me matar!

Ninguem ligou; continuaram comendo, se nao me engano, pelos detalhes que me foram contados depois, estavam na sobremesa, pudim de leite condensado. Todos sabiam que ela era meio doidinha mesmo… Teve um que riu, acho que foi meu irmao mais velho, que gostava muito dela, pois era a cacula.

Aninha dirigiu-se entao para a sacada, apoiou-se na bancada de marmore e jogou o corpo para frente, despencando do oitavo andar.

Alguns continuaram comendo o pudim de leite, alguns se engasgaram, minha cunhada correu ate a sacada e comecou a gritar histericamente. Meu pai nao estava, pois eis que ja e morto, minha mae, devido a idade e ao Alzhmeier, nao percebeu nada e continuou insistindo diante do prato de sobremesa:

- Come, Aninha, voce esta tao magra.

E o corpo alvo (era a unica “alva” la de casa, motivo de orgulho de uma familia de origem indigena e por que nao dizer, preconceituosa). As criancas, perplexas, tampouco entenderam, enquanto os pais apavorados procuravam distrai-los e recolhe-los da cena. O elevador chamado, demorava a chegar, entao alguns se precipitaram escadas abaixo, gritando “Ana Carolina”!

O corpo estracalhado, ensanguentado, lembro bem, embora nao tenha vista, feito aos pedacos - nao conseguiram juntar. Choramos Aninha ate hoje, e a nossa casa, os nossos almocos,
O corpo estracalhado, ensanguentado, lembro bem, embora nao tenha vista, feito aos pedacos - nao conseguiram juntar. Choramos Aninha ate hoje, e a nossa casa, os nossos almocos, o mundo inteiro nunca mais foi o mesmo. La em casa nao e Bin Laden nao e mais assunto. Silencios e dor, muita dor…ai,

Aninha….


..................................................................................



….irma ~~~~~~~~


maos ~~~~``~~~~~~~~~~

indud’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’vel

imra```o


cacu(cedilha) kla


n~ao ….

E, pra bom tendendor o acento nao basta.

O CORPO ESTRACALHADO EH O CORPO ESTRA(CEDILHA)ADO


mais tarde, eu junto os pedacos, se puder....


(peda(cedilha)os

sexta-feira, 6 de maio de 2011

No entanto eu queria a ti, sentir

Hoje eu te vi: um corpo atraves da cortina que cobre o espaco entre a rua e o meu quarto. Sobrio,os ombros encolhidos, cenho franzido, caminhavas lento.

No meio da multidao que atravessa o comeco do dia para o trabalho, andavas lento e tardio - atrasado?

Passou por dentro dos meus olhos feito brasa que a noite havia sido carvao endurecido.

Meus olhos mudos percorreram o teu mesmo percurso, ate que chegues ao inferno de destino que criaste.

Ambos mudos, nao nos vemos.

A cortina espana um vento suave, uma brisa morna atravessa o ventre.

(Tao feita de gente essa cortina); escorro os dedos amaciando-a como se fosse o proprio peito onde sobrevive ainda essa, essa chama de amor apodrecendo.

O vidro da janela reflete um corpo - a minha imagem e semelhanca endurecida de encontro ao material do vidro ardente.

Espanto com a mao uma mosca invisivel atravessando o pensamento, o olhar perdido, o vulto vai…e vai correndo lento.

Trouxe de volta o desamparo em que me encontro: o sonho se acabando ao redor de tua ausencia.

E o bale do sol comeca; o corpo que flutua, canta, queima o vento, de cinzas, preso, “ensimismado no apresura el tiempo”.

OM

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Aquela mulher
Sempre indo e vindo, aquela mulher que nao sou eu, parte de um lado, a metade de outro, faz uma limonada e vai. Remexendo sentimentos, arrazoando com irracionais, truncando o tempo na tentativa desesperada de se tornar eterna em coisas efemeras como uma flor, por exemplo. Foi um tempo longo de partidas, sempre deixando pedacos de si (de mim, incluso).

Nao a querem amarga. Mas a calda ja se esparramou, de amarguras; o fel da vida derramado em gotas, permeado de vas alegrias...e marasmo, ocio, fantasias: quero isso, quero aquilo. E tudo pobre mentira da criatura. Caminha por ai, mas ja esta morta, nao sobreviveu aos desastres naturais - o ultimo, o penultimo tsunami.

Aquela mulher e ingenua muitas vezes. Parte sempre com esperancas. Para que, eu te pergunto (a ela). Um amor, um sentido pro viver, uma aventura no alaska inundado, uma bomba do binlader? Amarra-se a uma corda frouxa, de nylon escafedido e salta o bungjump.
Naufraga e poe a cabeca fora d'agua, navega e naufraga. Isso pode ser autobiografico, se ela fosse famosa. Mas pra que, pergunto eu (a ela)?

Sempre escalda os pes quando doem as caminhadas. Poe pomadas e implora uma massagem. Aquela mulher andarilha ainda nao cansou de ver estrelas e cantar a luz do dia amanhecendo. Ainda sonha e tem pesadelos. Come e bebe, dorme, acalenta as letras dos livros lidos e relidos - e amados, acaricia velhas capas de albuns vazios. E, ao mesmo tempo, num salto precipicio, aquela mulher sai do nada, encolhe as pernas, chora um pouco, desabafa, troca o salto baixo pelo alto...

e, refeita, a mulher corre...

Pra que, pergunto eu (a ela).

OM

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Sei la

Amarelo, azul, verde e vermelho. No fundo, um verde enegrecido.
Ao centro, bem no meio da tela, dois olhos negros com pintas vermelhas. Era o fogo, pensei. Depois nao pensei mais nada, apenas movimentava as tintas e os pinceis.

O professor passou, parou, olhou..., ato continuo perguntou intrigado:

- O que e isso?

Foi minha resposta:

- Sei la...

- Minha senhora nao se pinta o "sei la".

- Eu pinto, respondi humildemente.

Ele deu as costas, encolheu os ombros (contanto que eu pagasse as aulas ) e continuou orientando as outras senhoras - todas ali por nao ter o que fazer ou inidicadas pelos terapeutas como prevencao para alzheimer, olharam com olhinhos arrelagadinhos para o meu quadrinho e concordaram diante de tao vasta sabedoria.

Passada meia hora, o professor voltou e percebeu (de novo, intrigado - representando o papel de professor de pintura, por que pintura nao se ensina), e percebendo que o "sei la" tinha mudado completamente: o vermelho estava alarajado, o azul desaparecera, os olhos tao negros estavam agora corde-de-sujeira, nao havia mais ceu, nem mar, na linha que tranpassa o horizonte apenas machas e formas deformadas..Perguntou de novo, agora arrogante e irritado:

- Minha senhora, onde esta o seu quadro?

- Sei la...- respondi, lavei os pinceis, recolhi a tela ao escaninho, tirei o avental manchado de tinta vermelha, guardei todo o material, olhei o rosto no espelho para tirar os resquicios de tinta, lavei as maos...sequei com a flanela ensanquentada (nao de verdade, e a mentira da tinta), dei uma ultima mirada na tela enorme, cheia de "seil'as",
e sai em direcao ao parque.

Vou fazer sei la no parque.

OM