sexta-feira, 6 de maio de 2011

No entanto eu queria a ti, sentir

Hoje eu te vi: um corpo atraves da cortina que cobre o espaco entre a rua e o meu quarto. Sobrio,os ombros encolhidos, cenho franzido, caminhavas lento.

No meio da multidao que atravessa o comeco do dia para o trabalho, andavas lento e tardio - atrasado?

Passou por dentro dos meus olhos feito brasa que a noite havia sido carvao endurecido.

Meus olhos mudos percorreram o teu mesmo percurso, ate que chegues ao inferno de destino que criaste.

Ambos mudos, nao nos vemos.

A cortina espana um vento suave, uma brisa morna atravessa o ventre.

(Tao feita de gente essa cortina); escorro os dedos amaciando-a como se fosse o proprio peito onde sobrevive ainda essa, essa chama de amor apodrecendo.

O vidro da janela reflete um corpo - a minha imagem e semelhanca endurecida de encontro ao material do vidro ardente.

Espanto com a mao uma mosca invisivel atravessando o pensamento, o olhar perdido, o vulto vai…e vai correndo lento.

Trouxe de volta o desamparo em que me encontro: o sonho se acabando ao redor de tua ausencia.

E o bale do sol comeca; o corpo que flutua, canta, queima o vento, de cinzas, preso, “ensimismado no apresura el tiempo”.

OM

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