quarta-feira, 4 de maio de 2011

Aquela mulher
Sempre indo e vindo, aquela mulher que nao sou eu, parte de um lado, a metade de outro, faz uma limonada e vai. Remexendo sentimentos, arrazoando com irracionais, truncando o tempo na tentativa desesperada de se tornar eterna em coisas efemeras como uma flor, por exemplo. Foi um tempo longo de partidas, sempre deixando pedacos de si (de mim, incluso).

Nao a querem amarga. Mas a calda ja se esparramou, de amarguras; o fel da vida derramado em gotas, permeado de vas alegrias...e marasmo, ocio, fantasias: quero isso, quero aquilo. E tudo pobre mentira da criatura. Caminha por ai, mas ja esta morta, nao sobreviveu aos desastres naturais - o ultimo, o penultimo tsunami.

Aquela mulher e ingenua muitas vezes. Parte sempre com esperancas. Para que, eu te pergunto (a ela). Um amor, um sentido pro viver, uma aventura no alaska inundado, uma bomba do binlader? Amarra-se a uma corda frouxa, de nylon escafedido e salta o bungjump.
Naufraga e poe a cabeca fora d'agua, navega e naufraga. Isso pode ser autobiografico, se ela fosse famosa. Mas pra que, pergunto eu (a ela)?

Sempre escalda os pes quando doem as caminhadas. Poe pomadas e implora uma massagem. Aquela mulher andarilha ainda nao cansou de ver estrelas e cantar a luz do dia amanhecendo. Ainda sonha e tem pesadelos. Come e bebe, dorme, acalenta as letras dos livros lidos e relidos - e amados, acaricia velhas capas de albuns vazios. E, ao mesmo tempo, num salto precipicio, aquela mulher sai do nada, encolhe as pernas, chora um pouco, desabafa, troca o salto baixo pelo alto...

e, refeita, a mulher corre...

Pra que, pergunto eu (a ela).

OM

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