Amarelo, azul, verde e vermelho. No fundo, um verde enegrecido.
Ao centro, bem no meio da tela, dois olhos negros com pintas vermelhas. Era o fogo, pensei. Depois nao pensei mais nada, apenas movimentava as tintas e os pinceis.
O professor passou, parou, olhou..., ato continuo perguntou intrigado:
- O que e isso?
Foi minha resposta:
- Sei la...
- Minha senhora nao se pinta o "sei la".
- Eu pinto, respondi humildemente.
Ele deu as costas, encolheu os ombros (contanto que eu pagasse as aulas ) e continuou orientando as outras senhoras - todas ali por nao ter o que fazer ou inidicadas pelos terapeutas como prevencao para alzheimer, olharam com olhinhos arrelagadinhos para o meu quadrinho e concordaram diante de tao vasta sabedoria.
Passada meia hora, o professor voltou e percebeu (de novo, intrigado - representando o papel de professor de pintura, por que pintura nao se ensina), e percebendo que o "sei la" tinha mudado completamente: o vermelho estava alarajado, o azul desaparecera, os olhos tao negros estavam agora corde-de-sujeira, nao havia mais ceu, nem mar, na linha que tranpassa o horizonte apenas machas e formas deformadas..Perguntou de novo, agora arrogante e irritado:
- Minha senhora, onde esta o seu quadro?
- Sei la...- respondi, lavei os pinceis, recolhi a tela ao escaninho, tirei o avental manchado de tinta vermelha, guardei todo o material, olhei o rosto no espelho para tirar os resquicios de tinta, lavei as maos...sequei com a flanela ensanquentada (nao de verdade, e a mentira da tinta), dei uma ultima mirada na tela enorme, cheia de "seil'as",
e sai em direcao ao parque.
Vou fazer sei la no parque.
OM
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