quinta-feira, 3 de março de 2011

danem-se

arrancar-te
derrubando 
os alicerces
asas que fincaram
raizes nesta casa
surrupiar teus versos
apagar estrelas
que brilharam 
sobre o mesmo teto
onde estou suspensa
de castigo e raiva
os destinos
que nos prendem
foram-se
como alcatrazes
prendem a seu amo
o escravo
desfaço-me 
de tudo que te lembra
que te vai 
e que te vem
esse destempero
essa esperança
dane-se
quem queira
os destroços
destes teus
farrapos  
e angústias
do que não deu certo
danem-se os bardos
que atiram
a força dos seus
dardos
seus dedões
enormes
danem-se
ai!
apenas a dor
e o desasossego
dos calos
nos sapatos
ardentes
das calçadas

olga mota

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