quarta-feira, 9 de março de 2011

Dentro de mim, um anjo?


Dentro de mim, um anjo? 

Passei na padaria, estavam os de sempre e outros mais raros, como o homem corcunda que às vezes vai comprar cigarros. Sei de tudo que se passa ali, como eles sabem de mim. O leite, o pão, o refrigerante, a tv ligada, silêncio - é uma padaria quieta.

Nesses dias resolvi voltar a frequentar a padaria. Deu saudades das palavras que voavam e eu as captava com empenho. Isto é do tempo em que resolvi escrever um livro e captava mentes.

Mas nesses dias não tenho encontrado nada. Talvez a fatal descoberta: está tudo dentro de mim. Volto a pensar como "É" escrever um livro. Pego as centenas de páginas escritas e impressas para o meu próprio gosto e vejo o desdem com que trato as palavras. Elas se vingaram. Saíram de mim num voo largo em direção às mentes que agora, em sentido inverso, captam-me. 

Virei vaga e noturna novamente. Silenciada.

Homens já não me admiram, as mulheres, não sei o que fazer delas (estou falando das minhas amigas). De repente, sem palavras, sem homens nem mulheres, fiquei só.

Não sei mais como as coisas aconteceram. Havia esse anjo aqui dentro voando, agora, calado, me instiga e me deixa deserta. Um demônio.

om 02/03/11

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