segunda-feira, 28 de março de 2011

Treinando sem acento


A prosa


A moca escrevia com todos os dedos das maos no aparelhinho que tinha um nome estranho, eu a observava: os dedos ageis, os cabelos acompanhando o movimento dos bracos e dos olhos que percorriam o papel. Era uma cena interessante. Ao seu lado parado, preso a uma coleira, estava um cachorro, Sem motivo aparente, o cachorro olhava para mim e rosnava num ruido ameacador.Pensei em levantar e ir embora, mas depois resolvi enfrentar a fera. Resolvi rosnar tambem, mas nao queria, obviamente, que alguem observasse a coisa e pudesse pensar: e louca,

Entao, matreira, coloquei o jornal cobrindo o rosto, e, de vez em quando devolvia os roncos do cachorro bobo com caretas horriveis, silenciosas, porem. Essa diversao inocente veio a causar a maior confusao na espelunca. A moca, que nao podia ver, de onde estava sentada, o que causava a estranheza no cachorro, puxava a coleira e dizia em alemao: para, Tutu.O bonitinhho comecou a ficar furioso e passou do rosnar para um latido estupidamente forte, e que provocou reclamacoes de parte dos clientes que estavam ali tomando suas cervejinhas, seus cafezinhos. Mas ninguem podia ver o causador do barulho todo, pois eu estava bem escondida por detras de uma mesa de canto e o jornal.

Enfim, a moca teve que parar de datilografar (no meu tempo se chamava assim), recolher o toto (tutu), as coisas dela todas, pagou o cafe e saiu arrastando o cachorro furioso que nao parava de olhar e latir para mim. A essas alturas, para nao ser identificada, parei de fazer caretas. Eles sairam.

So assim pude tomar minha cerveja em paz, porque afinal, nao gosto mesmo de cachorro rosnando perto de mim, apesar de isso ser um fato raro, ja que os cachorros, normalmente, gostam de mim. Troco afagos ate com cachorros feios e fedidos (quando quero conquistar o dono)...Mas esse nao sabia brincar; talvez eu deva saber um pouco mais sobre cachorros, treinando. Nao cachorros, mas seres humanos.

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