sábado, 26 de fevereiro de 2011

Irresistível (totalmente sentido/sem).


Ela não consegue ficar calada.
Ela fala dentro de mim com vida própria, natural e espontâneamente como fosse eu.
Fala de coisas que não entendo e, tambem, de coisas que entendo profundamente.
Isso dói, sabe, é como uma chaga, uma ferida aberta.
Ela não dá tréguas.
Me magoa, me maltrata, pede desculpas e sopra...

Vem, pega as palavras, detona, destrói, come, devora, com um alçapão estreito e uns cornos brancos que não sei onde arranjou, me amarra e prende-me à insônia.

Me acorda no meio da noite, me persegue.
Rata de esgoto, putrefata, a odeio!

Não fala, entanto, nada. Baba umas loucuras e, nessa mudez ata-me as palavras.
Me faz amá-las.
E delas poucas sei, minha presa, minhas heroínas, minhas Clarices. meus bebês.

Desfaz meus versos e sentada incólume, ri na minha cara.
Deixa-me cheia de ódios (e desejos).

Cala-te muda assombrada, sai da minha casa, sai do meu caminho...

Deixa-me. Livre para escrever as coisas distintas que eu sei fazer. Não me exija, dá uma trégua, apascenta esses cavalos loucos que galopam na escuridão de um ventre murcho (aparvalhado - palavra!).
Cria de mato.
Venta da nabo.
Miséria humana.


OM

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