quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Poema Batido no Liquidifcador


ser poeta é procurar no lodo,
na lama, na sarjeta,
o verso sujo,
a frase-escopeta...

é ser contido, desafinado
comedido...
é contar e recontar
palavras
esquecendo o dito
tal viver vivendo

ser poeta é só
deixar-se esgotar a alma
e, com calma, sentar
a bunda no salão?

é ser frio, quente,
temperado, ardente...
é ser...
que mais? -

manter um olhar furtivo,
morto enquanto vivo?...

é escrever compridos,
longos, intermináveis
e vazios , pérfidos
e gélidos,
versos
em padrão tamanho
colando na testa
feito melancia?

é fazer caras e caretas
falseando tons,
semitons,
altos sons
rudes de trombeta?

duros, tensos
como a mágoa fria
que se espalha intensa -

(querer não é poder,
diria o triste
ou ser e não poder
ser um maldito -
poeta maldito)


vou dizer-te aqui
num breve rabisco
o que penso,
o que sinto,
eu não ser,
não sou,
serei...
o que quiseres...


mas, poeta, não,
não queiras!

Om


........................................
(adoro escrever besteiras).

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