terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

relendo


Macabéa arrumou as malas, as maletas, malotas e malinhas, a frasqueira, a caixinha de primeiros socorros, a de costura, a de bijuterias, um grande saco plástico contendo coisas, o casaquinho preto debaixo do suvaco depilado. Hoje ela está atroz, agitada.

Sempre, partir é dolorido. Deixa-se (ela) um pedacinho aqui, outro acolá, o medo de perder-se total soprando inconveniências do tipo "se aquieta, mulher!". Mas ela não quer, não quer deixar de estar indo, dentro dela essa angústia move montanhas e sertões.

O lugar é lindo. A kiti (está escrito assim no anúncio: aluga-se kiti. Ficou sabendo que ali era o the place. Home sweet home. Tem até jardim de inverno (tsc...ela pensou que era um quintalzinho...e o porteiro informou que lá em cima, na cobertura, ela pode tomar banho de sol e estender roupas grandes para secar - na "laje"?.

Não deixou transparecer o espanto. Achou tudo tão chic... Emocionamente aconchegante: aquelas janelas enormes, antigonas, lindas lindas, o chão de linóleo, tábua corrida, o banheiro, oh my God, é enorme. Quem sabe finalmente, a tão sonhada banheira...

Desta vez a partida é feliz, cheia de esperança. O amigo disse-lhe ao telefone: - seja feliz, você merece. Não, Macabéa não merece, ela apenas precisa urgentemente.

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