segunda-feira, 25 de abril de 2011

Doidos


Estava perto de casa e levava o violao dentro da capa surrada de brim zul, uma capa improvisada, feita pela mae. Os doidos estavam todos espalhados pela rua. Doidos de paletos escuros, claros, doidos elegantes, mal vestidos, mendigos, executivos. Doidos pra todo lado. Doidos metidos a besta, doisdos endinheirados. Cozinheiros doidos, garcons malucos.
Gente que fuma (maluca), gente andando apressada (querendo morrer mais cedo)...doidos falando alto, doidos calados e soturnos, doidos escrevendo algos em guardananpos, doidos de olhar parado, encostados a postes, descansando em valas, nos colchoes das calcadas, tocando musica, fazendo instrumento, loucos por sexo, doidos amarrrados a algemas e encarcerados, doidos na academia modelando o corpo magico para fazer doideiras...

- Doidos, doidos! - ela pensava.

Tirou o violao de dentro da velha capa, sentou na beira da calcada, na entrada oeste do metro, afinou um pouco as cordas de nylon, tossiu levemente para limpar a garganta, ensaiou um la menor e comecou a cantar, e as moedas, os doidos jogavam liberalmente no chapeu estendido sobre a calcada.


OM

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