quarta-feira, 6 de abril de 2011

Valentina


Valentina nao e uma moca comum. Nao e uma qualquer. Trabalha desde os quatorze anos de idade, e isso ja faz bastante tempo. Levanta cedo, arruma os quartos da pensao que preside (sim, e quase uma Presidenta!), faz comida para o filho de nove anos, lava toda a roupa dos hospedes, separa, enfim, Valentina faz tantas coisas que nao sei como da conta.

Esta namorando um homem mais velho, nao tao velho quanto um anciao, mas um senhor maduro, de boa idade para ela, brasileiro, o gajo. E vai levando a vida como quem dirige um tanque de guerra. Aqui, na pensao que ela preside, ha habitantes de todas as partes do mundo. Entao, por supuesto, Valentina fala todas as linguas, numa miscelania adoravel a que sempre acrescenta um sorriso largo e de bons dentes.

Valentina me contou um pouco a sua historia, prometi que nao postarei nas minhas escrivinhacoes no orkut. Ela quer sigilo. Estou cuidadosa com a minha proxima personagem.

So este desabafo em off:

"Ele acorda cedo, poe o roupao atoalhado, le o jornal, toma banho, o "desayuno". Esta tudo perfeito. Eu nao, eu sou um furacao.

Ele - diz ela, senta-se ne frente do computador, ri lendo as mensagens trocadas durante a noite com outros homens maduros, solitarios - geralmente piadas sobre mulheres, enquanto fuma um, dois ou tres cigarros, e peida. Nao, eu sou um furacao. Passo com a aspiradora por cima das pernas dele, limpo a mesa com furia, lavo o banheiro, faco tudo enquanto ele continua la, na mesma, na mesma, na mesa.

- Ah, por Dios, hoje vou arranca-lo daquela escrivaninha, vou mandar que ponha os dentes, faca a barba, passe perfume e creme. E, por favor, nao me venha com aquela velha camisa, que compre uma nova. Quero ir a bailar."

Vai, Valentina, vai. Ja es minha.

OM

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