quarta-feira, 27 de abril de 2011

No castelo de Abrantes

No castelo de Abrantes

Num encontro nas escadas escuras, arranjado de antemao, os dois se...

Nas escadas. Um traido, outro traindo, seria assim? A situacao pode ser comum: encontros de meias-noites burlando camaras, espias e outros passageiros de andares....
ja vi tanta coisa em escadas: coisas deixadas, caca de cachorro, lencos encatarrados jogados ali nos degraus, displicentemente - entao, casais se beixando, em amassos ilegais, eu ja vi muitos.

Mas aqueles dois nao me pareciam estranhos. Desviando do comcubino testemunho, procurei nao olhar, subindo quase de olhos fechados os degraus escuros, mas aquela luz que acende e apaga para diminuir consumo de energia, me flagrou. Meus ollhos abertos para encontrar os degraus reconheceram o casal.

- Total silencio! - me imploraram com os dedos na boca, fazendo sinal de "shii!". Ok, nao vi nada, combinado tacito entre olhos.

Valentina, essa, entao, me ardeu em olhos pedintes de misericordia.

Nao se preocupe, Valentina, vamos manter o teu segredo.

Na manha seguinte, olhares vesgos, encabulados percorrendo paes, manteigas e afins do breakfast, de vez em quando cruzavam os meus cabisbaixos, sorrindo por dentro, tao compreensiva quanto eles vexados.

Degraus silensiosos ainda na manha cedinha, calados, guardavam os segredos, cumplices medonhos de amores clandestinos.

E, na pensao... tudo "dantes como no castelo de Abrantes".


OM

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