quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Dança

Foi dança colada, dança afastada, os pés-de-valsa se enfileiraram.

O sol raiou e eu ainda estava dançando.

Os garçons retiraram as mesas, a orquestra calou...

Os pares foram embora,

E eu dançando...

A bebida acabou,

A festa acabou,

Tudo acabou, e eu...

Dançando.

Nunca vi uma coisa assim: dancei tanto que fiquei zonza. Foi tanto salameleque nessa dança, nunca vi. 

Tanto que nem senti falta dos sapatinhos vermelhos. 

(A fada madrinha atiçou a vara e me cutucou com ela). 

Perdi a corrida da carruagem. No salão enorme, dançando.

O príncipe trouxe o sapato, não coube.

Ele bufou "não se fazem mais princesas como antigamente". Nem dei trela - continuei dançando, sem sapatos.

Que importa se não sou princesa, mesmo sabendo que os sapatos não cabem nos meus pés, e até o príncipe foi embora, a bruxa engoliu os dentes, os sapatos não se fazem como antigamente, tenho que lavar e engomar a roupa da madrasta,
tenho que catar feijõeszinhos na estrada, piolhinhos nos cabelos do meninos, tenho que escrever poesia, contos, textos e outras alfazemas, se não sou do tempo de agora...quero uma valsa!

- Vamos dançar?


OlgaMota

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