sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

busca

Apenas busco, não encontrei nada. E nessa busca, nessa repetição, nesta falta de assunto, fico eu enredada nas redes que balançam minha natureza nordestina, minha raça mal acabada, costurada em teias de lagartixa,- sou tão pobre...

Não, eu não.

Eu não sou pobre, ao contrário, sou extremamente rica. De quê? Sei lá...Dizem que tenho isto, tenho aquilo, vou à vernissage, fiz coisas interessantes, fui ao lançamento do livro, fui brilhante. E no meio disso tudo, busco a coisa que realmente importa. Livros não dizem mais nada. Um e vale por todos. A leitura agora me incomoda, me irrita. 

Tomando jeito de seduçao, jeito de intelecto superior - tudo mentira da farsa.

Apenas uma mulher como as outras, apenas de sapato com um pequeno salto alto, uma boca um pouco mal pintada, umas unhas um pouco roídas, um trato mal feito na bolsa de couro, as sobrancelhas escuras e densas num olhar ora cabisbaixo, ora arrogantemente levantado, o nariz arrebitado. Que bonita, os fotógrafos procuram
Não, não eu essa.Ela, essa outra, que de vez em quando assoma, asssim tão de repente, e parece fascinante.

De tudo um pouco, sobrando, somando, subtraindo, matéria plástica, matemática fria e pragmática. Dona de tantas dúvidas, tanta coisa me pertence. 

Menos eu.

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