domingo, 7 de novembro de 2010

casa/comida/roupa lavada

há palitos, restos de comida, guardanapos,
faixas escuras manchando os cotovelos.
falam muito, esbravejam, alguns riem e outros se calam
na mudez das doses avançadas.
penso alto: não disfarço a diferença, nem me ouvem.
tanto faz, no bar sou uma, ele é outro,
na noite fechada. 

Contas e portas se encerram.
Acaba-se a noite, vai começar o dia.
É o círculo vicioso.

Conheci a Bia e o Ternura.

É noite alta, está tudo embaralhado.
Noite escura, ceu duro, sem estrela.
O bar vai fechar.

Alguns levantam-se e gravitam na
intrépida leveza dos bêbados.
Cuidado, a faixa vermelha, o sinal..!
O bar está fechando...

a Bia está indo, o Fernando, a Teresa...
tem o Léo, jogado ali no canto, com o cigarro
pendurado, se não me engano está babando.
o Eduardo em ponto de cama, o Theo, o Henrique...
ah, e a Magda? Caiu de quatro e a levantaram...foi pra casa.
(psiu! - ela está vivendo uns momentos tristes)
o cachorro da Teresa ficou bom da barriguinha.
soubemos da inauguração do Espaço na Frei,
todos convidados, vai ser um arraso.
a maioria não vai.
no bar a gente sabe das vidas.
da bebida à comida, da cama à casa, e lavamos
roupas sujas aos cochichos.
na coxia fumando cigarros.
amanhã é outro dia: beijos e abraços.
quatro horas.

agora! O bar está fechado.
a manhã acolhe fêmea os bêbados e os loucos.


Olga Mota

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