sexta-feira, 12 de novembro de 2010

vejo meu menino em todas partes


eu vi meu filho num joelho, numa mão, na nuca do passageiro, na roupa do menino de rua, no balcão de poesias, num carrinho de rolemão. eu vi meu menino e chorei num grito, apenas o que não está escrito, somente o que tem lá dentro, bem fundo, no coração. vejo meninos em todas partes, meninos que choram, meninos que passam e tem o olhar alheio, o jeitinho aflito do meu meninão. eu vi o dia em que a terra engoliu e vi o buraco grnade, negro e rasgo que engoliu meu menino. que é camile diante disso, que é claudel? que é ser artista, ser nada, ser pinéu e tomar comprimidos? nada. nada diante. adiante de mim, só a morte. me dói.

Olga mota

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