sexta-feira, 12 de novembro de 2010

um texto esquecido no presente


Hoje vou escrever um texto. Vou escrever um texto. Vou escrever um texto, reptidamente soou nos meus ouvidos o dia inteiro.
Agora que estou diante do teclado, o texto desapareceu. Não sei que texto era, do que se tratava.
Olga parou e ficou olhando a tela em branco. Mas, que texto seria esse? Afinal, já deveria existir antes, na cabeça...ou teria que inventar agora, de repente, um texto?
Mas...sobre o que? O que faria sentido agora na hora do jantar - talvez falar sobre comida ou qualquer coisa que afete um mortal que não tenho jantado ainda.
Receitas, sim,pensou no Mr Klotz e seu livro de receitas. Mas agora não tem mais o que pensar: o texto sai ou não sai.
Está saindo, como estão vendo, mas não é bem um texto. É um texto sobre não ter texto. Assim: não tenho nada de texto hoje. Vazio. Li algumas coisas mas não fixarem ponto na mente. Sinto o vazio das palavras mais do que nunca. Como as pessoas escrevem - assim, pronto, de repente, vem um texto, vem um verso pronto, anotam ou sai de sopetão?
Eu queria, confesso, como sempre sai: "de prima", como dizem. Está saindo, saindo, devagar.
Mas isso não é um texto. É uma falta de texto. Aqui não disse nada até agora, e pressinto apavorada que não vai mesmo sair nada dessa encéfala. Melhor desistir e deixar o texto para amanhã. Talvez eu sonhe um texto, ou talvez ele me atropele no meio da rua, ou no metrô. Só não quero escrever sobre o passado, não quero. Quero um texto do presente.

Olga mota

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