domingo, 7 de novembro de 2010

Uma pequena história que a chuva levou


Arregaço as mangas do pijama. É dia. Ontem a chuva caiu forte e molhou alguns papeis que carregava comigo. Outro desastre: eu sem levar em conta as previsões metereológicas. Cheguei em casa com o corpo tremendo de frio, corri ao banho quente, esfreguei a toalha áspera até que não houvesse mais sinais de frio no meu corpo cansado, recolhi o que sobrou de papeis legíveis no meio daquela massa grossa molhada e deixei sobre a mesa. Hoje estou aqui com uns farrapos embolados do que foi um escrito.

Talvez mais uma genial barbaridade tenha sido desperdiçada. Eu e o meu falho tato para as coisas certas.

A história de um homem e uma mulher, um amor, uma discussão em torno de arte, de poesia, que, no final da contas virou uma baixaria sem tréguas até que o vento destruiu o guarda-chuva do moço e os dois namorados absolutamente não cabiam naquela sombrinha azul que ela carregava sobre sua cabeça loira. Era tardinha e os dois se aconchegaram para mais próximo da árvore. Os pombos compartilharam rapidamente o mesmo espaço onde eles estiveram namorando. Antes da discussão virar briga, antes de a chuva cair torrencial sobre a árvore quase seca de galhos que pudessem suportar tamanho aguaceiro, antes dos pombos, antes disso tudo, havia acontecido uma longa sessão de - por que não ser redundante? - longos beijos.

Confesso que até me emocionou o conto. Até tive dificuldade em discernir se era um conto ou um fato real. Escrevi assim mesmo, protegido na aba da padaria qe abriga os fumantes e observadores da vida. E antes que o vento carregasse, antes que os pombos chegassem, antes que a chuva virasse o guarda-chuva, antes da conversinha virar briga, foi uma história. Simples. Agora, revendo os farrapos de papel,só me trazem gotas, gotas...do que foi uma história.

Terei que inventar outra. Mãos à obra.

Olga Mota

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